terça-feira, 11 de maio de 2010

CRIMES DIGITAIS NAS REDES SOCIAIS

Os 2,3 milhões de fãs que o cantor Justin Timberlake cultiva no Facebook costumam acessar sua página pessoal para acompanhar o dia a dia do músico pop americano. No site, eles visitam o perfil do artista, clicam em músicas, entrevistas e qualquer tipo de curiosidade sobre o ídolo. No mês passado, muitos deles caíram numa armadilha ao clicar em um dos links divulgados na página de Timberlake: o endereço eletrônico carregava um vírus, uma praga virtual que vinha contaminando computadores em velocidade meteórica.

Fãs e artista foram vítimas de um golpe que, segundo John McCormack, executivo-chefe da Websense, especializada em filtros de conteúdo para a web, vai se tornar cada vez mais letal. Gradativamente, o crime eletrônico, que sempre aterrorizou usuários ao encontrar brechas no e-mail – serviço que continua a ser o mais popular da internet -, tem migrado para redes sociais como Orkut, Facebook e Twitter. Não é difícil entender por que.

O crescimento do número de usuários das redes sociais é avassalador. Ninguém quer ficar fora dos sites de relacionamento – e isso inclui os golpistas da internet. “O que o criminoso quer é atingir, da forma mais fácil, o maior número possível de usuários”, comenta Paulo Vendramini, diretor de engenharia de sistemas para a América Latina da Symantec , especializada em sistemas de segurança. “As redes sociais se tornaram um prato cheio [para as fraudes].”

Embora os golpes digitais estejam cada vez mais sofisticados, a realidade é que eles não mudaram muito de perfil ao migrar para os sites de relacionamento. A grande maioria dos crimes ainda requer que o usuário, por falta de atenção ou informação, clique em um link. O problema é que, a despeito dos alertas cada vez mais comuns, muita gente ainda cai na armadilha.

Recentemente, a empresa de segurança digital Check Point fez um teste para medir os riscos das redes sociais. De forma aleatória, selecionou uma amostra de usuários do Facebook para simular um ataque de “phishing”. A técnica consiste em convidar o usuário a acessar uma página falsa – por vezes, imitando um site autêntico -, para roubar informações confidenciais.

Depois de criar um perfil falso e anônimo no Facebook, a empresa distribuiu um e-mail com uma frase comum nas mensagens de spam ou lixo eletrônico: “Venha ver minhas fotos mais recentes”. O resultado mostrou que dos 200 usuários do Facebook que receberam a mensagem, 71 clicaram no endereço. Isto é, mais de um terço das pessoas tentaram acessar a página, sem ter a menor ideia do que se tratava o link ou de quem era o remetente.

O Brasil, em especial, tem uma combinação explosiva nesse campo. O país é um dos líderes globais em tentativas de golpe eletrônico de todo tipo, principalmente os de motivação financeira. É também um dos lugares onde as redes sociais mais tiveram êxito. Veja, por exemplo, a evolução dos sites Orkut, Facebook e Twitter no país. Juntos, eles somaram 28,5 milhões de usuários de internet em fevereiro, segundo o Ibope. Hoje, mais de 70% das pessoas que navegam mensalmente pela internet visitam as páginas do Orkut, a rede social que pertence ao Google. Nos últimos 12 meses, a audiência desses sites cresceu 13%, em média.

Victor Ribeiro, diretor de produtos do Orkut, reconhece que o site é alvo de milhares de ataques diários. Um sistema acompanha o comportamento do usuário, para bloquear os golpes. “Se alguém começa a publicar textos demais, por exemplo, ele bloqueia algumas de suas ações preventivamente, para verificar se há algo de errado”, diz. Outro sistema faz uma varredura nos links publicados no site. Se algo suspeito é encontrado, a remoção é automática. “Os hackers brasileiros são os que mais nos dão trabalho, porque usam técnicas avançadas”, diz Ribeiro.

Entre as inovações dos golpistas já há sistemas sofisticados que permitem criar, automaticamente, perfis falsos de usuários. Com o tempo, poderá ser difícil saber quantos desses perfis são reais, o que pode arranhar a vaidade de quem gosta de enumerar milhares de “seguidores”.

Fonte: DNT-Alexandre Atheniense

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