terça-feira, 24 de março de 2009

A morte do computado

A morte do computador
Charge de Gerson Kauer

O advogado de 76 anos, inconformado com a demora em um inquérito policial que ele acompanhava em nome de seus clientes, deu seis tiros no computador de uma delegacia de pequena cidade do Estado do Pará. O profissional foi preso em flagrante, por danos ao patrimônio público, porte ilegal de arma e por colocar em risco a vida de terceiros. 
 
O delegado escutou a alaúza e firmemente questionou o advogado:"tá louco, doutor?"
 
'Matei o computador porque ele não estava me respeitando. Não tive outra saída. Com sua inércia e a omissão, essa ´josca´ estava trabalhando para os bandidos" - explicou-se o advogado que, mesmo assim, foi preso.
 
Recolhido ao quartel da Polícia Militar na capital (Belém), o advogado recuperou a liberdade dois dias depois, graças a uma liminar. Formado o inquérito, depois em Juízo, foi ouvida uma testemunha presencial.
 
- O doutor chegou na delegacia e insistiu para que fosse apressado um inquérito que apura a invasão de um condomínio de evangélicos. Respondi que não poderia agilizar, porque nosso único computador estava travado e o conserto ainda não tinha sido autorizado pela Secretaria da Segurança - contou o escrivão de polícia.
 
O policial prosseguiu:
 
Depois de alguns palavrões contra Bill Gates, o advogado atirou várias vezes no monitor e reservou a sexta e última bala justamente para o computador, que estava embaixo da minha mesa - complementou o agente.
 
Em transação penal, o advogado concordou em pagar cestas básicas e em ressarcir o Estado, a quem entregou computador e monitor de primeira geração - espécimes do que tinha de melhor qualidade na única loja de eletrodomésticos da cidade. Foi designada audiência para a formalização dos atos.
 
Após as formalidades, o juiz consolou o causídico ante o desembolso que ele recém tivera:
 
As cestas básicas vão aplacar necessidades de pessoas humildes. E o novo computador vai permitir que suas solicitações sejam atendidas com mais presteza na delegacia - comentou o magistrado.
 
O advogado firmou a ata da audiência, engoliu em seco, deu boa tarde, retirou-se e nunca mais foi visto na comarca.
 

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá!
Paz em 2011!
Procurando por uma charge sobre computador, encontrei seu blog. Essa estória é simplesmente fantástica. Hilariante! Tanto que tomei a liberdade de publica-la em meu blog ArteSã Blog (http://artesablog.com.br)com link direto para cá. Também dei os créditos do chargista - excelente!

Aliás, excelente é adjetivo correto para classificar o conteúdo do seu blog.Todos que publicam seus trabalhos na rede precisam estar cientes de seus direitos. Recomendei aos amigos, como "obrigatória", a leitura do Direito Digital e Internet.

Um grande abraço,
Simone Salles